segunda-feira, 19 de abril de 2010

Agora sei que os outros que não lutam são anormais!

Por Wandemberg Gomes

           Eu queria ser normal, assim normal poder “curtir” as tardes de sol dos sábados, tocar meu curso sem solavancos ou questionamentos. Não queria estar em reuniões decidindo um futuro que eu acho nem é o meu. Queria andar por ai sem me questionar por que tudo esta assim...
Me vestir na moda, não ter cabelo grande , assim não ser malvisto . Ah voltando às reuniões não ser tratado como o cara do “movimento”.
Ficar quieto e aceitar o que os professores dizem, tomar como verdade repetir as ferramentas sem querer saber de onde elas vem. Mas não, levanto a mão para perguntar, “lavem o falador”; “olha o bagunceiro”, por que eu não consigo ficar bem, já estou na universidade pública, “por mérito meu”, vou ter um futuro? Assim espero...
            Eu como todo individuo de uma sociedade capitalista movido pelo egoísmo, devia estar satisfeito, mas não, ainda quero mais não basta estar lá, tem que ter qualidade e todos tem que o direito de estar lá também.
Será que é errado lutar já tenho um “pássaro na mão”... Para que outro?
Aí, já sei vou montar um CA (centro acadêmico), não, não, ”olha o cara do movimento”... Eu ainda quero ser normal, sei que é possível lutar sem estar em qualquer destas entidades acadêmicas (não sou contra as disputas por ela, apenas acho que sua atuação encontra-se extremamente restrita ao interior das instituições, mas contra a forma de condução que e dada por alguns a todos que as querem a qualquer preço).
Então eu me indigno quando vejo uma criança pedindo esmolas , quando em uma escola de periferia uma criança portadora de algum tipo de deficiência e exposta desumanamente ao ridículo de não poder utilizar os sanitários ou tomar um simples banho, porque, estes estabelecimentos não são preparados para recebê- las, ou quando vejo fila de velinhos nas portas de hospitais desde a madrugada esperando a vez de serem atendidas (e nem sempre são, ou não são todos atendidos) ou quando vejo famílias amontoadas em barracos sobre a água (nem todos tem necessidade de estar lá) sem o mínimo para viver, sobrevivem.
Não são meus amigos, nem conhecidos, nem parentes... Eu queria ser normal para ser entorpecido  pela mídia mas a têvê enoja-me.     
Ser normal para cuidar e pensar apenas na minha vida.
Mas não consigo...
Uma questão me atormenta: ser feliz sozinho ou ser critico e sofrer com os outros? Qualquer outro responderia sem pensar, FELIZ.
            Logo, invoco não um espírito de participação política, que já este é inerente à nós, humanos, mas sim  um espírito de mudança solidaria, afinal com tudo isso sobra  os sentimentos de impotência e de solidão e contra estes sentimentos malditos que se vive hoje, somente a união fraterna e a organização sem interesse, se não, o da transformação do mundo. Podemos nos transformar e ao nosso redor. Por que eu acredito que outro mundo é viável.


Wandemberg Gomes
Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo da UNIFAP
Militante do Campo Contraponto

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