segunda-feira, 10 de maio de 2010

13 de maio, Dia internacional de denúncia contra o racismo/ Lei Áurea abole a escravidão, 1888


por Carliendell Magalhães


Essa é uma data reflexiva e que sem dúvida alguma deve ser debatida na esfera do movimento estudantil, já que para o movimento essa data pouco representa efetivamente no que diz respeito a uma liberdade verdadeira.
Vamos considerar alguns dados que se encarregam de esclarecer mesmo que ainda superficialmente esta realidade da parcela negra da população brasileira no Brasil restringindo a sua participação na educação.

- O Brasil é o maior país negro fora da África. De acordo com o IBGE, em 1999, os brancos representavam 59,80% da população contra 40,20% de pardos, sendo esse número progressivo, de 1999 pra cá. 

UNIVERSIDADE
 - Em 1997, a porcentagem de negros e pardos com mais de 25 anos e nível superior completo no País era de apenas 2,2%, enquanto a de brancos era de 9,6%. Mesmo com a lei de cotas vigorando no Brasil desde 2001, determinando às universidades federais que reservem 50% das vagas aos negros e pardos, a diferença entre os representantes desses grupos raciais e os brancos que concluíram o ensino superior continua em níveis bastante elevados. Em 2007 - quando muitos que ingressaram pela política de cotas já estavam formados - o número de brancos era de 13,4%, enquanto o de negros e pardos alcançava apenas 4%, um número três vezes menor. (IBGE)
- As pesquisas realizadas com estudantes entre 18 e 25 anos de idade para averiguar a porcentagem de universitários entre cada uma das raças, também mostram que a população branca se encontra favorecida apresentando números mais elevados que os de negros e pardos. Inclusive, a porcentagem de negros e pardos que freqüentavam uma universidade em 2007 era ainda menor do que a porcentagem de brancos em 1997. (IBGE)
- Segundo o IBGE, entre os estudantes de 18 a 24 anos de idade, a porcentagem de brancos que se encontram no nível superior é de 57,9% e a dos negros e pardos é de 25%.
- Analisando os dados por idade, se observa que, por exemplo, a porcentagem da população branca com 21 anos de idade que eram alunos de uma instituição de ensino superior em 2007 era de 24,2% contra 8,4% de pessoas pretas e pardas. Uma diferença de 15,8 pontos percentuais. Em 1997 essa diferença era de 9,6 pontos percentuais. (IBGE)

DO ENSINO FUNDAMENTAL A UNIVERSIDADE
- Entre os 15 aos 17 anos, idades adequadas ao ensino médio, dos cerca de 85,2% dos brancos que freqüentavam a escola, 58,7% estavam no ensino médio. Entre os pretos e pardos, o total dos alunos que estavam na série correta de acordo com a idade eram de 39,4% de um total de 79,8% que freqüentavam a escola. 

TREZE
 José Carlos Limeira

Cansado de ser servido,
em prantos regados de cor e som
para comensais risonhos,
que dilaceram nossos valores,
com os dentes afiados.
Quero agora, no momento lúcido
gritar o necessário fato,
de que os treze ou treze
não nos diz nada além
do que vocês, caros convivas,
querem mostrar, encobrir, ostentar.
Criaram fotos coloridas,
comemorações festivas,
toques de tambores e atabaques,
para mostrar que somos
livres, felizes, e aceitos.
Tolas mentiras!
somos sim:
lascas de suor,
cortes de chicotes,
cheiro de fogão
entradas de serviço.
Precisamos fazer algo sim
para que ao invés
do paternalismo brutal
da gentil princesinha
haja a liberdade
de podermos realmente
abrir a porta desta senzala
para fazer a festa da cor real
do som dos atabaques
de danças e corpos
que rasgarão a noite,
os tempos
no verdadeiro canto
da ABOLIÇÃO que ainda não houve. 


Carliendell Magalhães 
Campo CONTRAPONTO
Estudante do curso de Geografia da UNIFAP
Diretor do DCE-UNIFAP

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