segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O Enem não democratizou o acesso ao ensino superior!!


Max Yataco*

Em mais uma edição do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, as mesmas polêmicas o norteia, mais uma prova de que, diferentemente do que diz a presidente Dilma Rousseff, o ENEM não é a forma mais democrática de acesso ao nível superior.

O ENEM nasce no final da década de 1990, seguindo o modelo de outros países para avaliar a qualidade da educação, no Brasil sem sucesso, devido a educação brasileira não ser igual nos 4 cantos do país, sobressaindo as regiões mais desenvolvidas, como o sul e sudeste em relação as outras regiões, bem como as instituições de ensino privado sobre as públicas.

No decorrer dos anos 2000 o ENEM passou a ser utilizado por algumas Instituições de Ensino Superior - IES Privada como forma de acesso, para elas o ENEM caiu como uma luva, no sentido de que teriam mais credibilidades por usarem um Exame elaborado pelo Governo Federal como critério de acesso, bem como, não mais teriam os gastos com o vestibular.
Já tem duas edições que o ENEM vem sendo usado como forma de seleção nas Universidades Públicas, através do Sistema Unificado de Seleção Universitária - SISU, porém, está longe de ser uma forma democrática de acesso a universidade, apresento-lhes apenas 3 motivos dentre muitos.
1. Não são consideradas as questões regionais no processo de avaliação do ENEM;
2. Muito embora muitos estudantes das regiões Sul-Sudeste tenham condições de se deslocarem para as demais regiões do país, muito por conta do grau de desenvolvimento econômico destas regiões, que é bem maior do que outras do país, isso não acontece da mesma forma com estudantes de outras regiões do país;
3. A disparidade que ainda existe em relação à educação pública com a privada, uma prova disso são os dados, das 100 primeiras escolas colocadas no ENEM na versão 2010, apenas 13 eram pública, e dessas 13 apenas 1 era fora do eixo sul-sudeste.

Na Universidade Federal do Amapá - UNIFAP, há dois anos o ENEM é utilizado como um dos critérios de acesso aos cursos daquela IFES, pelo seguinte sistema. Existe o Processo Seletivo (Vestibular) da própria Universidade, dividido em duas etapas, 1ª e 2ª Fase na qual dá direito a 50% das vagas em cada curso, os outros 50% é garantido pelas notas do ENEM, no entanto, não são providas pelo SISU.

E desde que implantaram esse sistema na universidade, todas as vagas não são preenchidas, no curso de medicina por exemplo, um dos mais concorridos do país, no primeiro ano de vigência do sistema 13 das 15 vagas disponíveis pelo ENEM não foram preenchidas, ocasionando para o curso 10 outras chamadas para que seja totalmente preenchidas as vagas, esse ano, não foi diferente, porém, o inusitado aconteceu, das 15 vagas destinadas ao ENEM TODAS as 15 não foram preenchida, mostrando mais uma vez que esse sistema não é suficiente, e muito menos democrático, haja vista que a administração da universidade ainda irá insistir em chamar os que optaram pelo ENEM, mesmo sabendo que alguns não virão, por terem sido aprovados em outras instituições, muitas vezes mais próximas de seus domicílios.

É necessário que Universidade Federal do Amapá mude esse sistema de seleção, até pra cumprir um papel que é fundamental se tratando de uma universidade pública que é a promoção do desenvolvimento local, haja vista que ao "importar" estudantes de outras regiões do país e que depois de formados, tenderão a retornar as sua cidades e estados de origem.

"Para haver ensino primário, é necessário que exista antes o secundário, e para que o secundário funcione, é preciso que existam universidades" (Anísio Teixeira)

*Calouro de Relações Internacionais - UNIFAP.
  Militante do CONTRAPONTO