Max Yataco*
Em mais uma edição do Exame Nacional
do Ensino Médio - ENEM, as mesmas polêmicas o norteia, mais uma prova de que,
diferentemente do que diz a presidente Dilma Rousseff, o ENEM não é a forma
mais democrática de acesso ao nível superior.
O ENEM nasce no final da década
de 1990, seguindo o modelo de outros países para avaliar a qualidade da
educação, no Brasil sem sucesso, devido a educação brasileira não ser igual nos
4 cantos do país, sobressaindo as regiões mais desenvolvidas, como o sul e sudeste
em relação as outras regiões, bem como as instituições de ensino privado sobre
as públicas.
No decorrer dos anos 2000 o ENEM
passou a ser utilizado por algumas Instituições de Ensino Superior - IES
Privada como forma de acesso, para elas o ENEM caiu como uma luva, no sentido
de que teriam mais credibilidades por usarem um Exame elaborado pelo Governo
Federal como critério de acesso, bem como, não mais teriam os gastos com o
vestibular.
Já tem duas edições que o ENEM
vem sendo usado como forma de seleção nas Universidades Públicas, através do
Sistema Unificado de Seleção Universitária - SISU, porém, está longe de ser uma
forma democrática de acesso a universidade, apresento-lhes apenas 3 motivos
dentre muitos.
1. Não são consideradas as questões
regionais no processo de avaliação do ENEM;
2. Muito embora muitos estudantes
das regiões Sul-Sudeste tenham condições de se deslocarem para as demais
regiões do país, muito por conta do grau de desenvolvimento econômico destas
regiões, que é bem maior do que outras do país, isso não acontece da mesma forma
com estudantes de outras regiões do país;
3. A disparidade que ainda existe
em relação à educação pública com a privada, uma prova disso são os dados, das
100 primeiras escolas colocadas no ENEM na versão 2010, apenas 13 eram pública,
e dessas 13 apenas 1 era fora do eixo sul-sudeste.
Na Universidade Federal do Amapá
- UNIFAP, há dois anos o ENEM é utilizado como um dos critérios de acesso aos
cursos daquela IFES, pelo seguinte sistema. Existe o Processo Seletivo
(Vestibular) da própria Universidade, dividido em duas etapas, 1ª e 2ª Fase na qual
dá direito a 50% das vagas em cada curso, os outros 50% é garantido pelas notas
do ENEM, no entanto, não são providas pelo SISU.
E desde que implantaram esse
sistema na universidade, todas as vagas não são preenchidas, no curso de
medicina por exemplo, um dos mais concorridos do país, no primeiro ano de
vigência do sistema 13 das 15 vagas disponíveis pelo ENEM não foram preenchidas,
ocasionando para o curso 10 outras chamadas para que seja totalmente
preenchidas as vagas, esse ano, não foi diferente, porém, o inusitado
aconteceu, das 15 vagas destinadas ao ENEM TODAS as 15 não foram preenchida,
mostrando mais uma vez que esse sistema não é suficiente, e muito menos
democrático, haja vista que a administração da universidade ainda irá insistir
em chamar os que optaram pelo ENEM, mesmo sabendo que alguns não virão, por terem
sido aprovados em outras instituições, muitas vezes mais próximas de seus
domicílios.
É necessário que Universidade
Federal do Amapá mude esse sistema de seleção, até pra cumprir um papel que é
fundamental se tratando de uma universidade pública que é a promoção do
desenvolvimento local, haja vista que ao "importar" estudantes de
outras regiões do país e que depois de formados, tenderão a retornar as sua
cidades e estados de origem.
"Para haver ensino primário,
é necessário que exista antes o secundário, e para que o secundário funcione, é
preciso que existam universidades" (Anísio Teixeira)
*Calouro de Relações Internacionais - UNIFAP.
Militante do CONTRAPONTO
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